Resum
Este texto, busca problematizar a relação entre o esporte e a homofobia, uma discussão
complexa, e ainda pouco recorrente no lugar de onde falamos, a Educação Física. Dito isto, nos
posicionamos como pesquisadoras em uma área do conhecimento onde as práticas corporais e
esportivas são o principal foco do olhar, mas, por muito tempo (e talvez ainda hoje), estiveram
predominantemente envoltas por um viés biologicista das análises e pesquisas. Tal ênfase, se fez
presente por exemplo quando das tentativas da apropriação das pesquisas de gênero, em meados da
década de 80 (LUZ, 2002), onde o termo ‘gênero’ tratava mais da diferença sexual entre homens e
mulheres em níveis de performance e afins, tomado muitas vezes como sinônimo a sexo. A discussão a qual pretendemos explorar neste trabalho, é recente, e parte de discursos
abrangendo concepções homofóbicas do universo esportivo os quais foram veiculados e debatidos
recentemente nos meios midiáticos brasileiros. Declarações como a de que “futebol é um jogo
viril, varonil não homossexual”, desde um primeiro momento nos desestabilizaram, instigaram, pois
aparentemente reascenderam na mídia esportiva, a ‘polêmica’ acerca da possibilidade de existirem
jogadores homossexuais nos grandes times do futebol brasileiro. Ao voltarmos o nosso olhar para a relação esporte-sexualidade, salientamos que em nossa
sociedade, o esporte é sem dúvida alguma, um fenômeno cultural permeado por pluralidades. O
universo esportivo ,como produtor e reprodutor das relações sociais e culturais, é um lócus
constituído por lutas, contestações, interesses; um terreno onde estão também envolvidos discursos
e representações (de corpo, feminilidades, masculinidades, sexualidade, entre outros).
Representações estas, constantemente produzidas, divulgadas, reinteradas, ou ainda ressignificadas
nos contextos sociais específicos, sendo que, um dos mais poderosos meios através dos quais estas
representações nos interpelam, é o midiático - seja ele televisivo, virtual, impresso.